A Síndrome Dolorosa Pós Mastectomia pode ser devido à lesão de ligamentos ou músculos ou, com mais frequência, de origem neuropática, ou seja, devido à lesão ou compressão de algum nervo.
A presença de dor logo após a cirurgia de câncer de mama pode ser devido a diversos fatores, como a própria incisão cirúrgica, presença do dreno, cordões fibrosos na axila, tensão muscular ou dor articular, por exemplo. Com o início precoce da fisioterapia, cicatrização da ferida e retirada do dreno, esse sintoma de dor costuma desaparecer em alguns dias. No entanto, quando a dor persiste por mais de três meses após a cirurgia, é caracterizada como Síndrome Dolorosa Pós Mastectomia (SDPM).
Apesar de o nome da síndrome dolorosa citar apenas a cirurgia radical de mama (mastectomia), pode também ocorrer em mulheres submetidas a cirurgias conservadoras (quadrantectomia ou nodulectomia) com retirada de linfonodos. A cirurgia da axila, na verdade, é a principal responsável pela SDPM, sendo mais frequente no esvaziamento axilar em comparação à Biópsia do Linfonodo Sentinela, ou seja, quanto mais linfonodos retirados da axila, maior a chance de apresentar dor persistente após o procedimento cirúrgico.
A SDPM pode ser devido à lesão de ligamentos ou músculos ou, com mais frequência, de origem neuropática, ou seja, devido à lesão ou compressão de algum nervo. A lesão pode ocorrer durante o procedimento cirúrgico, por compressão do nervo por hematoma ou pelo próprio tumor, e também durante a radioterapia.
Em relação à localização do quadro álgico, algumas mulheres relatam dor persistente na mama retirada, como se ainda tivessem a mama, o que é denominado dor na mama fantasma. Outras, dor crônica na incisão cirúrgica, geralmente devido à formação de neuroma naquela região. Quando a causa é lesão nervosa, o nervo mais relacionado com a SDPM é o intercostobraquial. Nesse caso, a queixa de dor é na região da axila, medial do braço e anterior do tórax. Além do intercostobraquial, outros nervos podem sofrer lesão, com diferentes localizações do relato de dor, de acordo com a lesão presente. A intensidade da dor varia de leve a alta, podendo ser intermitente ou contínua, muitas vezes descrita como sensação de queimação.
A SDPM é mais frequente em mulheres mais jovens, provavelmente porque em idades menos avançadas os tumores de mama costumam ser mais agressivos, com necessidade de retirada de mais linfonodos axilares. A presença de dor crônica afeta a qualidade de vida dessas mulheres, comprometendo a realização de tarefas diárias e atividades laborais. Além disso, devido à persistência da dor, as pacientes podem evoluir com diminuição da movimentação do braço, com rigidez de ombro e até linfedema, pela imobilização do braço. Assim, o tratamento do quadro álgico é de extrema importância.
A fisioterapia dispõe de diversos recursos para o tratamento da Síndrome Dolorosa Pós Mastectomia. Exercícios de alongamento e fortalecimento, assim como técnicas de massagem, são utilizados para adequação da tensão e da função muscular. Técnicas de dessensibilização são empregadas para os sintomas de dor neuropática e recursos de eletroterapia e fototerapia, como o TENS e o laser, por exemplo, são bastante utilizados no controle da dor. Além disso, terapias complementares, como acupuntura, por exemplo, têm se mostrado eficazes em estudos recentes. Importante o acompanhamento com fisioterapeuta especializado em oncologia, que saberá indicar o melhor tratamento para cada paciente.
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Autor: Samantha Karlla Lopes de Almeida Rizzi
CREFITO 3: 61.529 – F
Mestre e Doutoranda em Ciências pelo Departamento de Ginecologia da UNIFESP (ambulatório de mastologia).
Fisioterapeuta do Hospital Universitário da UNIFESP e da Rizzi Fisioterapia
Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/5651190805842271
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