O Câncer de cabeça e pescoço abrange principalmente as malignidades epiteliais com origem nas regiões de seios paranasais, cavidade oral, cavidade nasal, faringe, laringe e tireóide. A grande maioria dessas neoplasias são do tipo carcinoma epidermóide. A principal causa da incidência desse tipo de câncer é o alto consumo de tabaco e álcool, podendo também ter como causa a infecção do HPV (Papilomavírus Humano).
O principal tratamento de câncer de cabeça e pescoço é a cirurgia combinada com radioterapia, quimioterapia ou ambos. O procedimento cirúrgico muitas vezes está associado com o esvaziamento cervical (remoção dos linfonodos comprometidos) resultando em perda ou redução da funcionalidade do ombro e pescoço.
A remoção linfonodal (esvaziamento cervical ou linfonadectomia cervical) é fundamental nas malignidades que envolvem essa região.
Os linfonodos anterolaterais do pescoço são divididos em seis níveis, sendo que os níveis I, II, V se subdividem em IA e IB, IIA e IIB, VA e VB, respectivamente (ver figura)
O esvaziamento cervical é dividido em tipos:
- Esvaziamento cervical radical, corresponde a remoção dos linfonodos do nível I a V incluindo a veia jugular interna, nervo acessório e músculo esternocleidomastoideo;
- Esvaziamento cervical radical modificado consiste na remoção dos linfonodos do nível I a V com preservação de uma ou mais estruturas não linfonodais; esvaziamento cervical seletivo se refere à cirurgia com preservação de um ou mais níveis linfonodais, sendo que os níveis removidos são baseados nos padrões de metástases relacionadas ao sitio primário
- Esvaziamento cervical radical estendido que consiste na remoção de grupos linfonodais adicionais ou de estruturas não linfáticas ou ambas, não incluídas no esvaziamento cervical radical
Durante a dissecção do pescoço, o nervo acessório é encontrado nos níveis II e V, sendo mais superficial no nível V e pode sofrer trauma local ou secção não intencional. A lesão desse nervo leva a paralisia ou paresia do músculo trapézio. Como consequência desta lesão tem se a síndrome do ombro caído, em que se observa depressão da escapula, atrofia deste músculo, discinesia escapular, perda da abdução do ombro e dor no ombro e pescoço
Avaliação
Antes de traçar uma conduta terapêutica para minimizar as perdas funcionais, desde o pós operatório imediato, o paciente precisa passar por uma avaliação que inclui os seguintes instrumentos:
- Goniometria,
- Dinamometria manual,
- Questionário Disabilities of the Arm, Shoulder
- and Hand (DASH)
- Escala Visual Analógica (EVA).
Fonte: BITENCOURT, Renata Cristina Lacerda et al. Avaliação funcional do membro superior em pacientes submetidos ao esvaziamento cervical. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 12, n. 1, p. e2103-e2103, 2020.